terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa


                                                  
Organização: Profa. Ana Angélica Wilske

                             Iniciativas tendentes à unificação ortográfica

         ▪1911- Portugal levou a cabo a primeira grande reforma ortográfica da Língua Portuguesa, não extensiva ao Brasil;
             ▪1943-  Formulário Ortográfico, no Brasil, e Acordo Ortográfico de 1945, em Portugal;
             ▪1971- no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis que reduziram substancialmente as divergências ortográficas entre os dois países;
             ▪1975 e, principalmente, em 1986 -representantes os cinco novos países africanos lusófonos falharam nos seus intuitos de formulação de regras ortográficas únicas para todos os países a língua portuguesa;
             ▪1990- Assinatura do novo Acordo Ortográfico;
             ▪1995- Ratificação do Acordo Ortográfico de 1990;
             ▪2004- Segundo protocolo modificativo;
             ▪2009 - Começa a vigorar o novo acordo Ortográfico;
             ▪31 de dezembro de 2012-  Término do período de transição e adaptação ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Algumas modificações foram feitas no sentido de promover a união e proximidade dos países que têm o português como língua oficial: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.
           
                                      Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo passa a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q  RS T U V W X Y Z

                                               Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
                        Como era:                   Como fica:
                        agüentar                       aguentar
                        sagüi                            sagui
                        freqüente                     frequente
                        tranqüilo                      tranqüilo

                                  Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos  éi, éuói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
                   Como era:                        Como fica:
                        epopéia                        epopeia
                        intróito                         introito

                        Não se altera a acentuação das oxítonas e monossilábicos: - herói, dói, céu, pastéis.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo decrescente.
                                   Como era:                   Como fica:
                                               baiúca                          baiuca
                                               feiúra                           feiura
Atenção:
 ▪ se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí;

 ▪ se o i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento permanece.
Exemplos: guaíba, Guaíra.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).
                  Como era:                         Como fica:
                        abençôo                                  abençoo
                        crêem (verbo crer)                   creem
                        dêem (verbo dar)                     deem
                        dôo (verbo doar)                     doo
                        perdôo (verbo perdoar)           perdoo
                        povôo (verbo povoar)             povoo
                        vêem (verbo ver)                     veem
                        vôos                                        voos
                        zôo                                          zoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. 
            Como era:                   Como fica:
            Ele pára o carro.                     Ele para o carro.
            Ele foi ao pólo Norte.              Ele foi ao polo Norte.                         
Ele gosta de jogar pólo.           Ele gosta de jogar polo.
            Esse gato tem pêlos brancos.  Esse gato tem pelos brancos.
            Comi uma pêra.                      Comi uma pera.

Atenção!
 ▪
Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3.ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3.ª pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

 
▪ Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

 ▪ Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos:      Ele  tem dois carros. / Eles  têm dois carros.
                        Ele  vem de Sorocaba. / Eles  vêm de Sorocaba.
                       
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
                        Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
                        Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.                                                                            Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. 
Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
                Qual é a forma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo do verbo arguir.
                        O mesmo vale para o seu composto redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em  guar,  quar  e
quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:
▪ verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
 ▪ verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
•verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
           
            Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen com compostos

1. Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação.
Exemplos: guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.

* Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.

2. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação.
Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, tique-taque, cri-cri, glu-glu, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.

3. Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação.
Exemplos: pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional.
Exemplos: maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.

* Exceções:  água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.

4. Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo.
Exemplos: gota-d’água, pé-d’água.

5.Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação.
Exemplos:       Belo Horizonte — belo-horizontino
                      Porto Alegre — porto-alegrense
                      Mato Grosso do Sul — mato-grossense-do-sul
                      Rio Grande do Norte — rio-grandense-do-norte
                      África do Sul — sul-africano
6.Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. 
Exemplos: bem-te-vi, peixe-espada, mico-leão-dourado, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.

Obs: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Há diferença de sentido entre os pares:

a) bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental)  - bico de papagaio (deformação nas vértebras).
b)  olho-de-boi (espécie de peixe)  - olho de boi (espécie de selo postal).

                                              Uso do hífen com prefixos
            O uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti, super, ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).

Casos gerais
1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.

Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história

sobre-humano, super-homem, ultra-humano.

2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. 

Exemplos: micro-ondas, anti-inflacionário, sub-bibliotecário, inter-regional.


3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. 

Exemplos: autoescola, antiaéreo, intermunicipal, supersônico, superinteressante, agroindustrial, aeroespacial, semicírculo.


* Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou  s, dobram-se essas letras. 
Exemplos: antirracismo, ultrassom, semirreta.   


Casos particulares:
1. Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r

Exemplos: sub-região, sub-reitor, sub-regional, sob-roda.

2. Com os prefixos  circumpan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal

Exemplos: circum-navegação, pan-americano.


3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice. 

Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex--prefeito, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado,

-recém-nascido, sem-terra, vice-rei.

4. O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras. 
Exemplos: coobrigação, coordenador, coedição, coeducar, cofundador, coabitação, coerdeiro, corréu, corresponsável, cosseno.


5. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e

Exemplos: preexistente, preelaborar, reescrever, reedição.


6.Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra começada por b, d ou r

Exemplos: ad-digital, ad-renal, ob-rogar, ab-rogar.


                                         Outros casos do uso do hífen


1. Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase.

Exemplos: (acordo de) não agressão; (isto é um) quase delito.

2. Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal
h ou l.

Exemplos: mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo.

* Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de 
ligação. Exemplo:  mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-
-se sem o hífen. 
Exemplos:  mal de lázaro, mal de sete dias.


3. Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam 
formas adjetivas, como açu, guaçu, mirim
Exemplos: capim-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim.

4.Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se 

combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos 
vocabulares. 
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.


5. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. 

            Exemplos:        
                                                                                                        Na cidade, conta-

-se que ele foi viajar.

                                                                                              O diretor foi receber os ex-
-alunos.



Bibliografia:

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa.
 48ª ed. São Paulo: Nacional, 2009.
CIVITA, Fundação Victor. Manual da Nova Ortografia. Revista Nova Escola. São Paulo: Ática e Scipione, 2009. 
MAZZAROTTO, Luiz Fernando. Nova Redação Gramática & Literatura:Aprenda a elaborar textos claros, objetivos e eficientes. 2ª ed. São Paulo: DCL, 2009.
TUFANO, Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia: Saiba o que mudou na ortografia brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 2009.





















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